Gostaria de compartilhar com vocês o processo de feitura desse trabalho!
Eu conheci o Pedro Pecher nas rodas de choro que acontecem aqui em São João Del Rei – MG. É um figura que sempre aparecia com uma escaleta ou um teclado e compartilhava da sua musicalidade com muito zelo e humildade, num propósito nobre de fazer a coisa bonita. Assim nos encontramos e fiz um convite para gravarmos uma música minha no projeto Sons das Vertentes.
Nos reunimos apenas três vezes antes da gravação e foram três encontros fantásticos. A primeira vez foi uma troca de figurinhas, onde mostrei a Valsa do Desassossego, uma composição que eu gostaria de gravar. Tocamos várias vezes, e o Pedro, como um vulcão em erupção de criatividade, fez um piano impecável. Assim, decidimos gravar a valsa. Mas resolvi mostrar outras composições que eu tinha guardadas na gaveta. Então, entre uma música e uma prosa, veio a ideia de usar todo o tempo que se tinha para realizar a gravação e fazer uma sessão ao vivo com a finalidade de registrar o maior número de músicas possíveis.
O segundo encontro aconteceu numa sala do prédio do curso de música da Universidade Federal de São João Del Rei, pois precisávamos de um piano para ensaiar. Como nem eu nem o Pedro somos alunos da universidade houve uma grande negociação com o segurança do campus para que pudéssemos usar a sala. Assim, passamos várias horas ali, debruçados no fazer música, sem muitas preocupações teóricas ou técnicas, ou mesmo com a preocupação de gravar, mas com o foco em se divertir e se comunicar através do som, dos improvisos, das melodias...
O terceiro encontro aconteceu no Conservatório Estadual Padre José Maria Xavier, onde também há salas com pianos. Não foi exatamente um ensaio, mas sim o que se chama de fazer um som descompromissado. E como a música é viva, alguns acordes foram se transformando em outros e algumas frases das melodias também se modificaram numa grande festa do som.
Algum filósofo disse que "sem música, a vida seria um erro". Ouso pensar para além dessa máxima, que sem a música viva, a vida também pode ser um erro. E por música viva, entendo a música que é feita por gente e, sendo assim, passível de transformações rítmicas, harmônicas ou melódicas e que também erra, que se emociona, que esquece, que se permite, que se comunica e que se faz perceber humano. Assim penso que o ouvir ou o tocar uma música é uma forma sublime e mágica de celebrar a vida.
Gravamos no dia 15 de setembro de 2019, um domingo com sol frio e sem muitos anseios. Foi uma festa do som. Gravamos ao vivo numa sala do estúdio El Niño-Estúdio e Lab Criativo, onde compartilhamos para além da música, a alegria de estar vivos, a alegria de se comunicar com o som, o espanto que alguns acordes trazem, o arrepio na coluna que algumas melodias provocam e a boa vontade de fazer a coisa bonita.
Esse trabalho só foi possível graças à colaboração de algumas pessoas que, de coração aberto, abraçaram esse projeto. Sou grato a todas as pessoas que apoiaram indiretamente esse trabalho e, sou muitíssimo grato ao projeto Sons das Vertentes, ao estúdio El Niño-Estúdio e Lab Criativo, ao Rafael Wolbert que produziu a linda capa desse trabalho, ao Pedro Pecher que além de ser um super músico é uma pessoa ímpar nesse mundo.
credits
released January 1, 2021
Essas músicas foram gravadas ao vivo no dia 15/09/2019 no El Niño-Estúdio e Lab Criativo, pelo projeto Sons das Vertentes da Universidade Federal de São João Del Rei.
Músicas e ISRC
1- Passarando (BXZXE2000001)
2- Valsa do Desassossego (BXZXE2000004)
3- Balangando a Beiça (BXZXE2000003)
4- Tira o Zói (BXZXE2000002)
Músicos
Cavaquinho: Pablo Araújo
Piano: Pedro Pecher
Engenheiros de som
Sulivan Marinho Ribeiro e Rafael Andrade